11.8.15

LIBERDADE MEDITATIVA




Pratico sentimentos apuradamente urdidos como se fossem rendas para uma blusa. 
Por assim dizer, insisto no exercício das filigranas que sustentam o luxo, o primor do poema e o azul.



A minha escrita não é argumentativa, mas intuitiva. 
Não tenho nada a demonstrar: só adivinho.
Por ora, escrevo-me com alma e liberdade meditativa.



Há gente que me pede páginas inteiras de palavras, de frases, de fardos textuais. Gostam de parágrafos e mais parágrafos. Assim como os burros que prezam a manjedoura cheia de palha. Não sou capaz disso.
O que tenho para dizer é sempre tão pouco, tão curto, tão raro, tão livre!
Não sei copiar para os cadernos o que oiço e vejo ao meu redor. Não sou narrativo. As vezes, entretenho-me a tecer a vida com exercícios académicos. Mas nunca sai lisa a tela.
Não sei preencher, com opulentas palavras e fios de ideias, as minhas parcelas de papel.
Não sei escrever a jeito, não sei dizer coisas.

J. Alberto de Oliveira