25.7.15

HIPÓTESES & RESTOLHO



Enquanto a filosofia estuda sentada,
a poesia viaja.

          Enquanto a filosofia analisa a luz,
          a poesia intui a luminosidade.

Enquanto a filosofia mastiga a razão,
a alma da poesia respira.

          Os filósofos torturam a palavra.
          Os poetas entoam o verbo.

Os filósofos bebem a razão.
Os poetas beijam o que bebem.

          Os filósofos avisam.
          Os poetas cantam.

A filosofia explica o porquê de não sei o quê na rosa.
A poesia contempla a rosa isenta de porquês.

          Na filosofia ouve-se um martelo de ideias.
          Na poesia a sonoridade é musical.

A filosofia é um curso de quês e porquês.
A poesia é um curso de silêncio.

          A filosofia ordena o sentido dos ventos.
          A poesia sopra onde quer como fazem os ventos.

Por fim, apetece perguntar: qual a hipótese mais plausível – o primado da razão ou o primado de um verso ardente?
O filósofo alemão Martin Heidegger tem a resposta:
“O filósofo pensa o mais profundo.
O poeta diz o mais alto.”

J. Alberto de Oliveira