3.8.21

MUDO E SÓ


 

Perdi a lucidez e deixei o sono entrar.

Vi a água em forma de chuva a deslizar pelo teu corpo todo.

Nos movimentos não havia pressa nem temor.

A tua boca tinha a moldura e o tamanho de um segredo.

O lugar da casa parecia minúsculo e propício ao não sei quê.

Com a leveza de folha no ar deitaste água num copo.


À minha beira te sentaste enquanto durou a confidência.

Depois foste dar de beber a uma estrela inacessível.

Fiquei mudo e só

para saber se eras uma causa ou efeito da memória.

J. Alberto de Oliveira