6.11.17

EUGÉNIO DE ANDRADE




OS PRIVILÉGIOS DA POESIA
para Eugénio de Andrade


Quando falava seu rosto
alumiava o próprio nome.

Ditava segredos
difíceis de escrever.

Soletrava muito devagar
mas eu nada entendia.

Com leveza recitava
um não sei quê.

O que seu rosto dizia
talvez fossem

os privilégios da poesia.

J. Alberto de Oliveira

Imagem: Eugénio de Andrade por Jorge Ulisses (1980)