14.3.25

AINDA ME FALTA UM TRICICLO



Ainda me falta um triciclo 

ou bicicleta.


Um automóvel 

ou camião para atropelar


com arte 

e muita astúcia


a estupidez que infesta

os dias do mundo.

J. Alberto de Oliveira





20.2.25

DA REVIVESCÊNCIA


 


Tudo ou quase tudo o que somos 

é matéria para arder.


É carne para se desintegrar.

 

Ou talvez seja apenas

indício da revivescência geral.

J. Alberto de Oliveira


30.11.24

A NATUREZA DO AMOR


A natureza do amor

nunca me deixa só.

 

Ainda tece comigo

as letras e linhas

 

justas do teu nome. 

J. Aberto de Oliveira

19.10.24

A ROSA ANTERIOR






A rosa anterior às súbitas 

gotas de chuva.


A rosa e o pó

de seu perfume


inauguram 

o princípio do fulgor.


A rosa espera

apenas outro nome.

J. Alberto de Oliveira


4.10.24

SEM BIOGRAFIA


 

Não tenho biografia.

Eu sou um dia após dias e dias intemporais. Ou talvez a memória apenas de mim

próprio, A memória donde vim e para onde vou.

 

Uma vez alguém me perguntou:

- Por que é que tu és poeta?

Respondi:

- Não sei. Vai interrogar os meus ancestrais que já partiram para a eternidade.

E no outro dia escrevi:

“Quando saio de mim levo sempre uma trouxa de imagens e lembranças às costas. 

Assim vou trocando  um ror de coisas por alguns poemas".

J. Alberto de Oliveira


4.9.24

SÃO HORAS DO MAR


 

São horas do mar

atento

ao barco de ontem no horizonte.

 

É o mar que todo

se dobra sobre si mesmo

 

para me

deixar uma frase

no fim de cada pensamento.

J. Alberto de Oliveira


9.8.24

A VERDADE NO BRANCO


 

A verdade no branco

da página do universo

 

como posso vê-la?

 

A haver continuidade

depois de morrer


qual será ó Deus

 

a minha substância

definitivamente?

J. Alberto de Oliveira