Nunca eu sei onde o coração dorme quando a noite se fecha,
deslizando para dentro de si mesma.
Talvez ele durma, virado para o lado esquerdo, num
palheiro da aldeia mais distante.
Avesso a ruídos e palavras fraudulentas, o coração apura
a sua energia entre o silêncio branco e um rumor vermelho.
Sonha com cenas e profecias bíblicas.
É uma peça da vida ou, por assim dizer, o mais belo
instrumento de cadências espirituais.
O coração lembra um animal de respiração atenta.
J. Alberto de Oliveira