Afinal, nos recantos do Éden havia bastante
impostura. Nem tudo era delícias.
Havia limites à liberdade e uma cobra com muito
veneno.
Afinal, Eva e Adão eram precários e originalmente
inocentes.
Eram como os futuros humanos e não como deuses.
Afinal, nos recantos do Éden havia bastante
impostura. Nem tudo era delícias.
Havia limites à liberdade e uma cobra com muito
veneno.
Afinal, Eva e Adão eram precários e originalmente
inocentes.
Eram como os futuros humanos e não como deuses.
Os selos do passado
fazem da memória
um átrio onde o ar
avoluma o lume
em volta e dentro de nós.
Preciso de vidas amadas
que me traduzam
os selos do passado.
J, Alberto de Oliveira
Às vezes minto nos versos para dizer a verdade que ninguém
quer ouvir.
Há frases que escrevo ao contrário de mim mesmo.
Porquê?
Não sei.
Talvez porque tenho pensamentos, imagens e sentimentos que
assim me esperam.
Escrevo por prazer em forma de palavras o que não sei dizer
em silêncio.
Mas também escrevo no silêncio o que sobra das palavras
para ninguém saber nem adivinhar os meus segredos.
J. Alberto de Oliveira
A palavra singular
e ouvida
num tanque de água.
A memória sentida
numa folha
de silêncio musical.
A síntese de um beijo
cativo do amor
e sopro noutro beijo.
J. Alberto de Oliveira
Quando
a alma é musical
e
a matéria afeita ao verbo
se
inspira nos dedos do ar
o
som do violino rima
com
os primores de obra-prima.
A
beleza e o rigor estremecem
como
se fossem a gramática
de
nobilíssimos versos.
J. Alberto de Oliveira
Nos
dias de quase não existir
eu
respirava o que dá vida.
Os
fios da palavra e o pão
deixavam
doçura e vigor.
Eu
recebia o que dá amor.
O
que vai acima do chão.
J. Alberto de Oliveira
Sôbolos rios que vão
por Babilónia, me achei,
onde sentado chorei
as lembranças de Sião
e quanto nela passei.
Ali o rio corrente
de meus olhos foi manado,
e, tudo bem comparado,
Sião ao tempo passado,
Babilónia ao mal presente.
[...]
Luís Vaz de Camões