Enquanto a
filosofia estuda sentada,
a poesia viaja.
Enquanto a
filosofia analisa a luz,
a poesia intui a
luminosidade.
Enquanto a
filosofia mastiga a razão,
a alma da poesia
respira.
Os filósofos
torturam a palavra.
Os poetas entoam
o verbo.
Os filósofos
bebem a razão.
Os poetas beijam
o que bebem.
Os filósofos
avisam.
Os poetas cantam.
A filosofia
explica o porquê de não sei o quê na
rosa.
A poesia
contempla a rosa isenta de porquês.
Na filosofia
ouve-se um martelo de ideias.
Na poesia a sonoridade é musical.
A filosofia é um
curso de quês e porquês.
A poesia é um
curso de silêncio.
A filosofia
ordena o sentido dos ventos.
A poesia sopra
onde quer como fazem os ventos.
Por fim,
apetece perguntar: qual a hipótese mais plausível – o primado da razão ou o
primado de um verso ardente?
O filósofo alemão
Martin Heidegger tem a resposta:
“O filósofo pensa o mais profundo.
O poeta diz o mais alto.”
J. Alberto de Oliveira