Na
primeira e única vez em que entrei pelo mar adentro, levaram-me num barquito de
pesca. Eu ia pensativo. Nunca abri a boca para dizer fosse o que fosse. Pensava
nas profundezas daquelas águas em movimento. O mistério do mais fundo
assustava. Mas eu também olhava para o alto. Via o azul que há lá em cima.
Só
pensava ou imaginava entre o mais fundo e as alturas.
Para
mim, ali no mar, tudo era mistério, temor e recolhimento.
Um
grande temor me arrepiava a existência.
Toda
aquela beleza tinha o poder de trazer a morte.
Tanto se morre na turbulência das águas do mar-alto como na orla
de qualquer mar
onde o tempo é de todos os passos.
J. Alberto de Oliveira