Quando
era criança, os nomes que dizia, todos ou quase todos,
eram
incompletos.
Somente
as formas e a grandeza das coisas permaneciam inteiras
nos
meus olhos.
Com
os objectos do mundo, na sua complementaridade justa e geométrica,
eu
compunha as primeiras frases, incautas, frágeis e breves.
Eram
linhas de fulgor, lúdicas, miríficas e matinais.
As
letras nasciam no momento em que os olhos de ser
e
a mão de escrever
tocavam
e subiam aos sentidos do silêncio.
Pedra
a pedra ainda saberei construir a idade que me resta?
Quem
me ajuda a erguer ou a restaurar casas invisíveis
em
lugares inacessíveis?
São
casas ou abrigos para as folhas do pensamento,
para
as alumiações
e
para os segredos que um dia não poderei levar comigo.
J. Alberto de Oliveira