Os lameiros são espelhos de água e de
inverno.
As árvores sem folhas e as nuvens sem rasgões para o azul do céu, aludem ao abandono.
Há pássaros que não emigram. Persistem iguais aos seus antepassados de há trezentos anos.
Limitam-se a viver. Pouco ou nada cantam. Piam e voam de ramo em ramo.
O cenário, que vejo com estes olhos que a terra me há-de comer, é todo interior.
Os lameiros, a água, as árvores, as nuvens espessas, a erva e os pássaros transformam-se em espírito absorto e pensativo.
Este é o seu destino, expansivo até ao fim dos tempos. Esta é a sintaxe do sentimento obscurecido pelo rigor de geadas e frios ventos.
J. Alberto de Oliveira