Falta-me
um mata-borrão para ser mais antigo.
Desde
que a tinta, o tinteiro, as penas e canetas de tinta permanente ficaram pelo
caminho, o mata-borrão é quase e apenas uma lembrança.
Ainda
conservo uma folhinha de mata-borrão só para não esquecer.
Se
eu fosse escrivão, teria os necessários instrumentos do ofício. Porém, basta-me
o lápis para o texto de ser e para sublinhar frases nos livros.
Às
vezes também me sirvo de uma safa (substantivo
feminino: borracha de apagar) para anular o inútil.
Não
gosto de borrar a escrita. Já não sou aprendiz de borrões.
Nos
arredores de mim leio muitas palavras alheias que precisam de uma safa, de
lixívia ou de corrector.
Com
as palavras denegridas são muitos os borrões da vida.
J. Alberto de Oliveira