Por sorte, encontrei um marinheiro
que me contou diversas visões e
vivências.
Disse, por exemplo,
que já ninguém leva uma carta fechada
para ser lida no alto mar.
Que os segredos ficam todos em terra
num círculo de silêncio e tristeza até
ao regresso.
Que o desejo de partir é igual ao desejo
de voltar.
Que todos vão pobres
e todos voltam cheios de mistérios e
perguntas.
Disse-me ainda que no alto mar
a cor do tempo umas vezes é salina e
azul.
Outras vezes é de névoa profunda.
Que os movimentos da água
esboçam uma beleza antiga.
Pelo que que vim a saber num sonho
que tive
o marinheiro não mentia.
J. Alberto de Oliveira