É
tudo tão absurdo quando me ponho a pensar na distância
que
há entre a vida e o sepulcro.
Assusta-me
não saber o que há dentro do verbo morrer.
Nem
a mim próprio eu peço licença para escrever.
Ando
cada vez mais embaçado e deveras denegrido.
Falo
sem tom nem som.
Até o silêncio me julga louco.
Até o silêncio me julga louco.
Já
me desenharam e mostraram tantas figuras
ou representações da eternidade.
Com
os dias que passam
muitas das imagens escorregam para o caixote do lixo
ou
acumulam-se no sótão desfeitas em poeira.
Jesus disse muito pouco acerca da existência
depois da morte.
Quando
se referia ao transcendente
parece que só conhecia a palavra Pai.
Não deu grandes explicações acerca do além-mundo.
Se
dele tivesse falado com pormenores,
teria reduzido a eternidade ao vulgar.
Jesus falou muito,
isso sim,
desta nossa vida aqui
isso sim,
desta nossa vida aqui
como Reino da Eternidade.
J. Alberto de Oliveira
Pietà de Miguel Ângelo - Photo de Robert Hupka