Quando
Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar o seu primeiro discurso,
na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo do pai, o que
tinha achado do seu desempenho naquela assembleia de vedetas políticas.
O
velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse-lhe em tom paternal:
“Jovem,
cometeste um erro grave. Foste demasiado brilhante no teu primeiro discurso.
Isso é imperdoável. Devias ter começado um pouco mais na sombra. Devias ter
gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstraste hoje, deves ter
conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos.
Jovem, o talento
assusta.”
Ali
estava uma das melhores lições que um velho sábio pode dar ao pupilo que se
inicia numa carreira difícil. Eis um paradoxo angustiante:
O
princípio da inveja. A razão do “imperdoável.”
Há
na língua italiana, a propósito de imperdoável e imperdoáveis
(gli
imperdonabili), alguns vocábulos intensos no seu dizer significante, no seu
vigor e sonoridade:
Intelligenza – faculdade activa do
entendimento e lucidez.
Eleganza – elegância, delicadeza e brio
comunicante.
Piglio – toque, distinção deliberada.
Disinvoltura – desenvoltura, agilidade viva.
Noncuranza – descuido displicente.
Sprezzatura – o supremo brasão da
inteligência unida à sensibilidade e fidalguia, um modo elevado,
negligentemente livre no fazer e dizer, “próprio de mestre seguro de si.” (N. Zingarelli)
A
sprezzatura
é consonante com “maneiras de negligência magistral”. É uma arte.
J. Alberto de Oliveira
Fonte: Novo
Dizionario della lingua italiana Universale (1912) - P. Petrocchir