O meu real é estar a descascar ervilhas e a ouvir Bach.
Teve sempre diante dos olhos a imitação da luz com que
nasceu. A luz é a maior sonoridade entre todas as teclas, e instrumentos cuja
percussão se faz por meio de martelos.
A função de escrever é árdua; a função de ser igual à
música é impossível.
A liberdade deve estar em qualquer parte, e o primeiro
acto livre que encontrei foi o da escrita. Só depois procurei a música. Toda ela
é um amor interior que ainda não fala. Quem a recebe à porta, é quem o diz. Ela
sai e entra, penetra no corpo, transforma-o em pregas de muda dimensão. Muda,
por agora. Porque presumo que há-de ensinar-me o dobro das palavras que eu sei.
As consequências da música são imprevisíveis e não têm
fim.
A música á mais secreta que a linguagem e sumamente secreto é o lugar para onde
desejo ir.
Recolha dos textos de Maria Gabriela Llansol por: J. Alberto de Oliveira