Ia haver o quê? Um sarau em torno do linho com danças e
cantares?
O que ia haver no alpendre agrícola da Casa de Formozem?
Luzia o luar nessa noite de verão? Não sei.
Eu era um menino que tinha apenas dois anos de vida bem
medida.
Eu só me lembro que havia o quase escuro a encher o
alpendre.
Lembro-me, e parece que ainda estou ver: alguém subiu para
um banco.
Com o simples mover da mão, o homem fez com que subitamente
a lâmpada, suspensa num barrote, iluminasse o alpendre.
Eu só me lembro e sei que foi magnífico o instante
da lâmpada que se tornou viva.
Com o toque da luz no limiar do escuro, eu comecei a ser
contemplativo.
J. Alberto de Oliveira