26.6.25

RETRATO DA ALÍCIA



Fina e preclara de tão imaginativa   

aprende a ler a palavra em folhas nuas.  

 

Coincide com as ideias do ar mais puro

e fala com o vento que passa entre poemas.

 

Sustenta a luz que vem de algures

e brilha quando se inspira no silêncio.

 

Fina e preclara de tão imaginativa

hei-de soletrá-la o resto da vida.

J. Alberto de Oliveira

 

4.5.25

UMA ESPÉCIE DE HAIKU


 

As aves mais pequenas

inspiram a macieira em flor:

fala a primavera.

 J. Alberto de Oliveira


20.4.25

LUAR E PERGUNTAS


 

No mais pequeno recanto da alma

tenho um canteiro de luar e perguntas.

 

O que na alma de outros humanos

talvez seja um viveiro de trutas.

J. Alberto de Oliveira 


14.3.25

AINDA ME FALTA UM TRICICLO



Ainda me falta um triciclo 

ou bicicleta.


Um automóvel 

ou camião para atropelar


com arte 

e muita astúcia


a estupidez que infesta

os dias do mundo.

J. Alberto de Oliveira





20.2.25

DA REVIVESCÊNCIA


 


Tudo ou quase tudo o que somos 

é matéria para arder.


É carne para se desintegrar.

 

Ou talvez seja apenas

indício da revivescência geral.

J. Alberto de Oliveira


30.11.24

A NATUREZA DO AMOR


A natureza do amor

nunca me deixa só.

 

Ainda tece comigo

as letras e linhas

 

justas do teu nome. 

J. Aberto de Oliveira

19.10.24

A ROSA ANTERIOR






A rosa anterior às súbitas 

gotas de chuva.


A rosa e o pó

de seu perfume


inauguram 

o princípio do fulgor.


A rosa espera

apenas outro nome.

J. Alberto de Oliveira