Há um exercício
adjacente à inspiração: o rascunho.
Eu não escrevo
sem o esboço corrigido até à exaustão, porque me engano muito na conjugação dos
verbos. Baralho tudo: os tempos, os modos, os aspectos, as pessoas.
É uma agrura que
me assiste e justifica esta ideia antiga: os verbos deveriam ser ditos e
escritos apenas no infinitivo.
O infinito e depois
o infinitivo dos verbos têm muito a ver com a minha infância. Quando eu contemplava
o céu em noites estreladas, o espanto e a candura pediam-me palavras de
infinitude.
A natureza
verbal no infinitivo é simples, justa e firme.
Suscita a amplidão. Alude a uma substância pura.
J. Alberto de Oliveira